quarta-feira, 30 de junho de 2010

Capítulo I - "Diana, muito prazer"

Não sou criança nem sou adulta. Não sou rica nem pobre. Tenho mãe, mas não pai. Concederam-me o privilégio da vida, mas não sei vivê-la.
Diana Rodrigues, dezassete anos e filha adoptada. Assim me apresento. A minha mãe, Sofia Rodrigues, adoptou-me ainda era eu um bébé, sujeito às dificuldades de uma infância sem pais. Não tenho forma de  expressar a minha gratidão. Cuida de mim, acolhe-me e trata-me como sendo sua filha biológica. E, fora as leis da ciência, ela é e continuará a ser minha mãe verdadeira, real. Devo-lhe tudo o que sou actualmente.
Vivemos num apartamento que posso dizer ser grande: três quartos, duas casas-de-banho, uma cozinha instalada num tema preto metalizado, um pequeno escritório e duas salas, uma das quais funciona como estúdio musical e local de descontracção. O meu quarto é o único do apartamento com varanda. A mãe fez dele meu pois pensou que gostaria de me sentir livre e de poder relaxar, quando atingisse a adolescência. Estava certa.
Todas as noites me sento no puff de algodão na varanda,  foco o olhar para as poucas estrelas que o céu revela devido aos vários factores da cidade e deixo-me levar pela música do mp4. Por vezes, adormeço. Outras simplesmente páro de pensar. No entanto, seja qual for a vontade do momento, o sonho invade-me. Sempre permito que o faça e se revele, umas vezes excitante, outras como um pesadelo. Porém, a maioria são recordações; lembranças do que tenho vivido.
É onde me encontro neste preciso momento. Sentada no puff macio, de T-shirt e calções, a ouvir música, sonhando.

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